A meu padrasto e padrinho, Joaquim Montezuma de Carvalho
Lentamente o branco cinza das tuas cinzas se diluiu nas águas mansas do Mondego. E este conduziu-te à última morada por ti escolhida... o mar.
Tal como os primeiros navegadores portugueses que se atreveram a enfrentar o desconhecido nas paragens inóspitas do oceano infindo, também nele mergulhaste, confundindo-te com as águas imensas que Camões referiu como “húmido elemento”.
Não no “húmido elemento”, mas no elemento da douta sabedoria te atreveste a enfrentar os Adamastores e Velhos do Restelo desvendando novos caminhos para a auto-reflexão das ideias feitas e outras não feitas, mas simplesmente desconhecidas. Granjeaste amores e desamores nas horas tardias das vielas emaranhadas do conhecimento, não por glória, mas pela pura philos sophia que caracterizou todo o teu percurso de vida.
Hoje, num dia de Liberdade (25 de Abril) para a nação que te viu nascer, partes sem dor porque a dor já a consumiste nos anos porfiados e tecidos com as finas teias da culturalidade que abraçaste incessantemente. Partes livre como as águas que correm para o imenso oceano. Arrastas contigo todo o peso de uma vida dedicada à palavra e ao pensamento crítico de quem não dorme sobre a opulência do saber. Partes sabendo que levas contigo a mensagem silenciosa de quem gritou no anonimato a liberdade de expressão. Não a liberdade vã de quem se acha no pleno direito do tudo, transformando este belo ideal em libertinagem descontínua, doseada à maneira de cada um. Essa, a Liberdade da Palavra, transmitiste-a honestamente sem coro, mas com o decoro necessário para te fazeres amar por muitos que privaram contigo o suficiente para te conhecer na tua imensa humildade de poeta prosador, cantor da verdade.
A rosa derramada sobre as tuas cinzas já se confundiu nas cores da distância e das águas do Mondego. Um aperto no coração anuncia-me o derradeiro adeus. De novo me senti o “Bolinhas” (nome carinhoso com que me tratavas em criança), pequeno, vivaz e sempre irrequieto, buscando as verdades que só tu vias e compreendias a teu modo. Parece que ao longe escuto a tua voz cansada embargada pelo sono, anunciando o final da história nocturna: “estou cheio de sono... vou descansar!”
Lentamente o branco cinza das tuas cinzas se diluiu nas águas mansas do Mondego. E este conduziu-te à última morada por ti escolhida... o mar.
Tal como os primeiros navegadores portugueses que se atreveram a enfrentar o desconhecido nas paragens inóspitas do oceano infindo, também nele mergulhaste, confundindo-te com as águas imensas que Camões referiu como “húmido elemento”.
Não no “húmido elemento”, mas no elemento da douta sabedoria te atreveste a enfrentar os Adamastores e Velhos do Restelo desvendando novos caminhos para a auto-reflexão das ideias feitas e outras não feitas, mas simplesmente desconhecidas. Granjeaste amores e desamores nas horas tardias das vielas emaranhadas do conhecimento, não por glória, mas pela pura philos sophia que caracterizou todo o teu percurso de vida.
Hoje, num dia de Liberdade (25 de Abril) para a nação que te viu nascer, partes sem dor porque a dor já a consumiste nos anos porfiados e tecidos com as finas teias da culturalidade que abraçaste incessantemente. Partes livre como as águas que correm para o imenso oceano. Arrastas contigo todo o peso de uma vida dedicada à palavra e ao pensamento crítico de quem não dorme sobre a opulência do saber. Partes sabendo que levas contigo a mensagem silenciosa de quem gritou no anonimato a liberdade de expressão. Não a liberdade vã de quem se acha no pleno direito do tudo, transformando este belo ideal em libertinagem descontínua, doseada à maneira de cada um. Essa, a Liberdade da Palavra, transmitiste-a honestamente sem coro, mas com o decoro necessário para te fazeres amar por muitos que privaram contigo o suficiente para te conhecer na tua imensa humildade de poeta prosador, cantor da verdade.
A rosa derramada sobre as tuas cinzas já se confundiu nas cores da distância e das águas do Mondego. Um aperto no coração anuncia-me o derradeiro adeus. De novo me senti o “Bolinhas” (nome carinhoso com que me tratavas em criança), pequeno, vivaz e sempre irrequieto, buscando as verdades que só tu vias e compreendias a teu modo. Parece que ao longe escuto a tua voz cansada embargada pelo sono, anunciando o final da história nocturna: “estou cheio de sono... vou descansar!”
Mário Ferreira
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